Mesmo a marca de Lô Borges sendo inconfundível e havendo em cada disco seu uma referência forte de trabalhos anteriores, as transformações e descobertas são presentes em tudo de novo que aparece na produção desse artista. Esse crescimento não é algo que se observa usando como parâmetros a cena externa, como a comparação com a produção de outros artistas da mesma geração ou das gerações seguintes, e sim diferenciais que surgem dentro da evolução de seu próprio trajeto como criador de sonoridades a todo tempo surpreendentes.
Suas harmonias sempre foram elaboradas, despertando em outros ouvidos sensíveis, grande curiosidade de como nascem e se consolidam esses passeios na estrutura de cada música. Mas neste disco, que o autor resolve dedicar à geração de seu filho, aos jovens que estão aprendendo a tocar algum instrumento e a conhecer agora o universo dos sons, aparecem canções de construções baseadas em tríades, que são o fundamento para a arquitetura rica e de grande esmero que prova que lindas canções prescindem desses grandes passeios harmônicos.
Outra qualidade do disco fica evidente pela sutileza com que efeitos foram escolhidos. A simplicidade que Lô diz ter buscado neste álbum e que atingiu com brilhantismo, não é nada simples. Trata-se de uma simplicidade que só pode existir na genialidade, não a genialidade inata e sim a que é adquirida com muita experiência e longos caminhos trilhados.
O que se pode dizer de Horizonte Vertical, trabalho de sonoridades ao mesmo tempo simples e de beleza eloquente, trabalho de um rumo novo e que não nega a exuberância criativa de toda a história de Lô Borges como compositor, é que é um dos discos mais importantes de sua carreira.
Horizonte Vertical é transformador.
Os meus parabéns a todos que participaram do álbum.
Patricia Maês