modular é necessário







sexta-feira, 24 de novembro de 2017

acomodação de rochas

Bom ver o Pedro Cardoso mais uma vez falando o que ninguém ainda tinha falado. Gosto de quem tem a alma na cara. 

Como nas depressões que acompanham as guerras, este é um tempo de olhar para dentro e amparar o que há de mais impenetrável e precioso, a consciência da consciência. 
Tantos se venderam e tantos estão se vendendo neste exato momento em que escrevo isso... pessoas que até já foram referência produzindo arte e beleza, inspirando ética - aquela intrínseca ao mais sutil valor do espírito - mas que hoje estão completamente ao rés do chão, entregues a uma espécie de masoquismo moral e valendo tão pouco, que mal podem se olhar no espelho ou se aguentar sobre as pernas.

Na hora da crise todo mundo pode mostrar a que veio, e é estranho saber que enquanto os despertos estão justamente se soltando com vigor da ilusão medíocre que os fazia ser uma engrenagem na máquina de fabricar a falta de autoestima de toda uma população, ainda tem quem esteja dando a alma, a mãe, a paz, a coerência, o sexo e a vergonha na cara em troca de algum benefício "profissional". 
É um privilégio viver este tempo, ver o que continua e o que se desfaz.

imagem - M Worral

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O olhar

Passado... presente... passado... presente... e assim se vê o futuro... Quando olharem suas fotos de antes e depois procurem observar o que os olhos preservaram no tempo, que tipo de chama. 
Quando eu era bem jovem escrevi isso no programa de uma peça minha, comentando do que o espetáculo tratava: 
"A rejeição ao desconhecido, a dificuldade em falar das verdades boas, os sentimentos escondidos por resistências injustificadas e sempre o medo, o medo do lado oculto das coisas, da sombra do outro, da própria sombra, do silêncio e do escuro de dentro, e o medo do amor. (...) O amor por revelar, por colocar os pés do outro lado, por fazer as coisas, por olhar os medos, por saber rir de tudo no fim..."
Adoro ver que aquele texto de tanta juventude ainda poderia acompanhar uma obra minha atual, e que o tempo e os anos não são nada quando nosso propósito de vida é seguido com lealdade e sem se corromper. 
Eu agradeço por este ano. 2017 foi o ano mais importante da minha vida, por toda a transformação que veio propôr e diante da qual agora eu sei que me posicionei sem o mínimo desvio do amor que sempre desejei imprimir no meu caminho. É uma vitória. 
Hoje vi essas fotos e fiquei muito feliz ao reparar no olhar de cada imagem. Não há segredo... a vida nos leva ao que pertencemos. E há tanta beleza em todos que me cercam... tanta beleza... Quem foi que disse que a verdade está nos olhos, mesmo? Sou grata.