Talvez em Tempos de Olívia se encontre uma das mais felizes definições do que seja a função de um artista hoje: “somos os gladiadores matando as feras que matariam os mais sensíveis.” Cada nova obra, como essa de Patricia Maês, que é um banho de poesia, resgata o humano das aterradoras superficialidades vazias, ou seja, da “desumanização dos homens”.
Tempos de Olívia é prosa, mas prosa poética. Não se deixa levar pela simples narração objetiva. Acrescenta timbres inusitados e colore com notas emocionais cada frase.
O medo diante da tela branca, da página sem uma palavra sequer escrita, de uma partitura muda: eis o drama do artista em seus momentos de crise criadora.
O mote principal do romance de Patricia Maês deriva desse drama. Diante da impossibilidade de criar, a personagem Olívia vai tecendo um universo amplo de investigações sobre si mesma e sobre sua relação com o mundo: seja o da arte, o do amor, o das amizades ou do seu público.
No interior do romance, fica claro o drama do processo criador bloqueado cujo resultado é devastador, uma paralisia da própria vida que vai se constituindo em torno da personagem.
A explicação sobre o sentido da existência dos artistas (esses “deuses tortos”) e da arte, é produzida no mesmo movimento da crise de criação que a envolve. Gerando uma reflexão sobre o sentido da própria crise, revela o resultado que a literatura teria na vida de seus leitores.
O artista seria, numa bela metáfora criada por Patricia Maês, aquele que “coloca o coração na ponta da lança e o oferece às feras.”
E sua missão é clara: “A beleza é nosso papel, e só por ela estamos aqui.”
Jardel Dias Cavalcanti
Prof. de Crítica e História da Arte na UEL, Colunista do site: www.digestivocultural.com
LANÇAMENTO DIA 22 DE JUNHO, ÀS 19H
A festa será no Bar do Museu Clube da Esquina.
Rua Paraisópolis, 738 - Santa Tereza - BH
(31) 2512-5050
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