Jardel Dias
Cavalcanti
(Doutor em
História da Arte pela Unicamp,
Prof. de Crítica
e história da arte na UEL,
Colunista do
site www.digestivocultural.coom)
Anseio
pela escuridão para que algo se contraponha à luz que quero ver brotando de mim
novamente.
(Patricia Maês- Tempos de Olívia)
Segundo
Oscar Wilde, “o crítico é aquele capaz de traduzir para uma outra maneira, ou
para um outro material, sua impressão das coisas maravilhosas”. Não é diferente
do que pensava o compositor Claude Debussy, quando exerceu a atividade de
crítico: “Não tenho a pretensão de
fazer "crítica", mas de expor, simples e francamente, minhas
impressões. O que se deve fazer é descobrir os principais impulsos que deram
origem às obras de arte e o princípio vivo que as constitui."
O meu
propósito ao apresentar o romance Tempos
de Olívia, de Patricia Maês, dialoga com as colocações acima. E a pergunta
que me fiz ao terminar de ler o seu livro foi justamente esta: qual o princípio
vivo que constitui esta obra? Que elemento torna importante ao mundo
contemporâneo a necessidade de sua existência?
Entre a
necessidade de expor minhas impressões ou responder à difícil colocação do
lugar dessa obra no contexto da criação contemporânea, optei pela primeira,
mais fácil de resolver. No entanto, não posso deixar de opinar, mesmo que en passant, sobre a segunda questão. Creio
que a resposta se encontra no interior do próprio livro, formulada pela
escritora.
No
centro do livro é narrada a crise criativa de uma personagem escritora. Dividida
entre a necessidade vital de criar e a melancólica constatação de que isso se
tornou impossível, ela afirma sistematicamente o lugar da arte e do artista num
mundo de valores vazios, aquele mundo já denunciado por T. S. Eliot como o
mundo dos “homens ocos”. Esse homem eliotiano, tal como o homem contemporâneo, é
“sombra insaciável de aparências esplendorosas e
aterradoras realidades; sombra mais escura que as sombras da noite e envolta
nas dobras de uma deslumbrante eloquência vazia”, para emprestar as palavras de
Joseph Conrad.
E
creio que aqui esteja a resposta ao sentido de sua obra para nós
contemporâneos. Talvez, em Tempos de Olívia, se encontre uma das
mais felizes definições do que seja a função de um artista hoje: “somos os
gladiadores matando as feras que matariam os mais sensíveis.” Cada nova obra,
como essa de Patricia Maês, que é um banho de poesia, resgata o humano das
aterradoras superficialidades vazias, ou seja, da “desumanização dos homens”.
Tempos de Olívia
é prosa, mas prosa poética. Não se deixa levar pela simples narração objetiva.
Acrescenta timbres inusitados e colore com notas emocionais cada frase. Faz com
que nos adentremos na turbulenta psique
de sua personagem Olívia como se dentro de uma caverna escura pudéssemos sentir
o frio das pedras, os desvãos das rochas, o intricado jogo de luz e sombra que
nos confunde a realidade.
***
O que me
proponho, a seguir, é apenas comentar algumas questões presentes no romance de
Maês.
A
CRISE
O
medo diante da tela branca, da página sem uma palavra sequer escrita, de uma
partitura muda: eis o drama do artista em momento de crise criadora. O mote principal do romance de Patricia
Maês deriva desse drama. “O que houve comigo é que de repente abri mão de um
caminho seguro e caí em um buraco de crise na criatividade.”
Diante
da impossibilidade de criar, a personagem Olívia vai tecendo um universo amplo
de investigações sobre si mesma e sobre sua relação com o mundo: seja o da
arte, o do amor, o das amizades ou do seu público. No interior do romance, numa
belíssima descrição, o drama do processo criador bloqueado:
“Estou
vazia de tudo. Bebo muita água e nela não vem o sopro do “faça”. Nenhum anjo me
dá a mão nesta hora de silêncio por dentro. Nunca senti isso, a falta de
movimentação do espírito, falta de inquietação (...). É novo este nada por
dentro, anseio do avesso, vontade de parar e não tocar em nada. Até minha
respiração é hoje de outra natureza, natureza que contempla, sem querer
transformar o visto em algo nunca visto.”
O
resultado é devastador, uma paralisia da própria vida que vai se constituindo
em torno da personagem:
“me vejo como há muito
tempo não me via, a mulher que recebe vida, que sente na pele a vida, mas no
entanto nada é feito disso, nada pode ser feito agora, e nem sei o motivo.”
O
drama da personagem é inicialmente exposto na ideia de que um cansaço a invadiu
e é explicado pela ausência de ressonância de suas buscas espirituais e/ou
artísticas
no mundo externo, absolutamente vazio e superficial. Ela diz: “cansaço não de
ofício, mas sim de existência interior para a qual não tenho visto
correspondência nas coisas externas.”
O “fogaréu selvagem” que a consome durante todo o percurso da
narrativa não é outra coisa que o resultado do desespero diante da incapacidade
de criar. A arte é sua raison d´être,
sua felicidade realizada, seu refúgio possível, a finalidade que justifica sua
existência. “Para mim, é tudo o que conta”, diz Olívia. O mundo existe para ela
em sua essência poética, mas tornar isso realidade para uma página em branco se
tornou difícil, impossível, no momento.
“A observação de tudo,
no momento, faz apenas com que eu guarde as impressões, sem ter nada a revelar
do lado mais íntimo das coisas, aquilo que dependeria de mim para outro alguém
vir a saber.”
A
explicação sobre o sentido da existência dos artistas (esses “deuses tortos”) e
da arte é produzida no mesmo movimento da crise de criação que a envolve.
Gerando uma reflexão sobre o sentido da própria crise, revela o resultado que a
literatura teria na vida de seus leitores. Ela diz, em termos claros qual é
esse sentido:
“Saindo da realidade
mais fremente, premente, entrando na ficção, as pessoas têm a chance da cura,
do encontro com um lado de seus eus que ficavam à espreita aguardando
oportunidades de espelhamento para se render à consciência.”
O artista seria, então, numa bela
metáfora criada por Patricia Maês, aquele que “coloca o coração na ponta da
lança e o oferece às feras.” E sua missão é clara: “A beleza é nosso papel, e
só por ela estamos aqui.”
A
razão pela qual Platão excomungou o poeta da República se deve ao fato de que o artista cria a partir da
liberdade que transcende a moral. Como resume o texto de Patricia Maês, é este
artista que interessa: “Vamos defender a vida, Doug, numa concepção puramente
artística e não moral.” Aqui ressoa a máxima de Oscar Wilde, em sua
apresentação de “O Retrato de Dorian Gray”, que diz que “não existe isso de
livros morais ou imorais. Livros são bem escritos ou mal escritos. E só.”
SENSUALISMO
“O
que seria esse aroma de coisa roxa?”
Em
Tempos de Olívia, há um sensualismo
nas descrições do próprio corpo da personagem, das suas vestes, da própria
aparência. Como diz Olívia, ao se apresentar:
“(...) herdei de minha
mãe um porte absolutamente forte, um tronco esguio e alongado, braços
delineados como se desenhados, como se os exercitasse numa piscina diariamente.
Um mistério essa herança sem esforço, mas a beleza é um de meus dons e não
posso fazer nada. O dorso firme cria em mim, de feição tão suave e delicada, um
contraponto interessante e que prende. Delicadeza e força juntas, a chave para
ser uma mulher que intriga, e eu sei disso.”
“O
espelho é meu companheiro.”. Outra afirmação que parece dizer muito sobre
Olívia: ela se vê primeiro para só depois ver o mundo. Uma sensação fica para o
leitor, a de um corpo presente, insistentemente belo e sensual, e que parece
ter, na determinação de ser o que é, um valor plástico/orgânico em si mesmo.
Daí deriva boa parte de sua reflexão sobre o mundo, as pessoas, a sociedade
onde trafega, num jogo de espelhos onde a imagem de si, enquanto corpo sensual
ocupando espaços, se abre para conhecer da pele para dentro o exterior da
realidade.
“(...) sinto o
ar gelado da noite na colina entrando na minha roupa, resfriando a mulher
quente de vinho, medo e desejos sem nome. (...) Sou um ser desgarrado de tudo,
e meus músculos se contraem, meu sinal de força.”
Em
um momento de susto, por exemplo, quando se perde na pousada e um homem quase a
aprisiona no escuro, sua resposta ao medo é o cuidado feminino de si mesma. No
simples ato de se pentear encontra sua força enquanto ser no mundo, livre e agente da ação que a faz se afirmar enquanto
mulher:
“E me penteio obsessiva, gesto de mulher que
quero saborear até o limite, a mão que corre pelo cabelo longo, o cheiro de
limpeza e perfume de flor, a mulher que sou, a mulher que nunca vai desabar a
ponto de perder isso. Eu sou bela e forte, e disse resoluta “me solta” à força
que me prendia há pouco. Eu sou solta, sou solta, sou solta. Sou mulher e nunca
fui vulgar.”
O
sentido da sensualidade atravessa o corpo de Olívia, principalmente nas
escolhas das roupas que veste e que refletem bastante a situação existencial da
personagem. A escrita que gera prazer na descrição de um simples vestido invade
vários momentos do romance. Ao se deparar com a descrição seguinte: “Se eu
vestir hoje novamente um vestido verde de flores brancas (...)”, o leitor
poderia tomar para si o famoso verso “o meu pensamento tem a cor do seu
vestido”, de uma letra do cantor mineiro Lô Borges.
Em várias outras passagens, o vestido é a medida dessa
sensualidade:
“O vestido azul de Istambul não sai
de minha pele há dias, há tempos, e ele deverá me acompanhar até o fim. (...). Na rua as pessoas me
olham admiradas. Esse vestido de fato tem um algo a mais.”
O
corpo de Olívia, além de simplesmente existir como uma presença estética
encantadora é o dado mais vivo de sua autoconsciência de ser vivente, chegando
mesmo a tornar-se encenação dessa existência:
“Sentada
diante da mesa, o ato de partir o alimento já é em si uma obra de arte. Sou a
atriz que diante de uma plateia lotada, faz a cena do pão sendo cortado, e isso
é a coisa mais importante da peça. (...) Corto o pão, coloco o pedaço na boca e
mastigo como quem mastiga este tempo presente, escolhido para ser inteiro meu.
Estou comendo com o corpo inteiro. E nunca senti gosto tão maravilhoso.”
A
sensualidade é o resultado da capacidade de se relacionar com o mundo a partir
de sensações, do cruzamento do corpo com os objetos/seres animados ou
inanimados. É o que acontece com Olívia, que não deve diferenciar seres e
objetos na sua relação erótica com o mundo:
“Experimento
anéis, levo-os para perto do rosto, como se eles realmente pudessem me dizer
algo, mas é um carinho, apenas. Queria ter cada pedra dessas cravada em meu
corpo, e eu inteira sendo a joia que leva as intimidades de outras figuras,
guardadas desde os tempos em que essas maravilhas foram forjadas.”
Quando
quer lidar com problemas, o corpo de Olívia responde em consonância com a natureza,
numa oferenda sensual da nudez ao sol metafórico da indecisão:
“(...) hoje aprendo a
lidar com o passado de forma lânguida e reverente e fresca, como a manhã em que
eu quis me estender nua na varanda onde espirrava garoa fina junto com
indecisos raios de sol.”
Ao
transformar seu corpo, cortando o cabelo ou usando tal vestido, por exemplo,
sua personalidade altera a sensação de si mesma, às vezes imprimindo segurança,
força, autoconfiança, felicidade etc. É o corte do cabelo que a desnuda e é o
toque do vestido, sua sensação na pele como fonte de prazer, que a deixa
delicada:
“Adeus às lindas
mechas, e agora é meu rosto inteiro, pleno e quase desprovido de moldura, que
se mostra assim adiante de tudo o que eu sou, o que vem na frente e se revela
em primeira mão. E o toque doce de mim vem na roupa, ah, sim, a mesma, meus
vestidos, dos quais jamais abrirei mão. Estou tão delicada e forte ao mesmo
tempo, e sinto por mim mesma um orgulho também indescritível, como tudo
atualmente.”
Patricia
Maês consegue criar na sua literatura algo raro entre as escritoras mulheres.
Seu poder de transformar em literatura as sensações do corpo feminino em sua
relação erótica com as roupas, sem apelo fetichista, numa clave de pulsão
libidinal delicada que a transforma numa
sofisticada escritora fenomenológica do universo da mulher. Uma escrita que
gera, além do “prazer do texto” (no sentido reclamado por Roland Barthes), a revelação,
na intimidade da linguagem, do sentido da intimidade do feminino.
O
OUTRO SI MESMO
Em
relação à personagem Ana Beatriz, a escritora tem um olhar analítico, que
observa a partir de pequenos detalhes o fiasco de uma existência em profundo
desmoronamento. Mas essa atenção ao outro
é a forma que a autora encontra para que Olívia investigue seu próprio eu, na diferença, no que do outro
recolheu de melhor para si mesma, aquilo que na outra, talvez, nunca tenha existido de fato. O resultado do
encontro é drasticamente revelador: “meu modelo de felicidade feneceu”.
É
também como resultado desse encontro que Olívia investiga as consequências de sua
relação com o ato criador e, consequentemente, com o seu respectivo púbico. Nesse
sentido, é bastante interessante a seguinte questão colocada por Olívia:
“Será esse então o
problema do perigo do público? Quando as pessoas confundem tudo, e acham que são não somente o alvo da
obra como também foram parte da mágica de sua criação?”
No
entanto, há algo mais nessa relação: Olívia está se colocando diante de si
mesma em relação ao nada que a possui a todo instante. É significativa a frase:
“apenas não estou destruída por fora”.
Interiormente
meio à deriva, como acontece aos personagens do cinema de Bergman, Olívia
retoma sempre mais um outro, agora na
persona
de Emile Flöge. Numa autotorturante investigação de si mesma, ela procura
resquícios/ajuda de um tempo que foi diferente, para que possa continuar sua
busca por uma saída de um presente que lhe parece massacrante e do qual deseja
escapar. Seu drama ainda é o do sofrimento causado pela incapacidade de criar.
Por isso não consegue sair do labirinto de espelhos que a aprisiona.
O
AMOR AUSENTE
Rodrigo
é o namorado de Olívia. Desejo e frustração envolvem os dois personagens. A
incompletude que o amor provoca naqueles que a ele não se entregam totalmente marca
os dois personagens. São artistas que precisam do afastamento, da solidão, para
criar e, ao mesmo tempo, precisando um do outro: pode o desejo conviver com
essa contradição?
“E onde está Rodrigo em
uma hora dessas, hora em que eu quase poderia ter sido assassinada? Resposta:
no Butão. Que espécie de namorado vai ao Butão sem se despedir direito de sua
amada?”
Ao
mesmo tempo em que acusa a ausência, acusa a si mesma: “Eu sinto o peso das
palavras nunca ditas a ele, a enganação de minha presença, no íntimo sempre
lamentando a ausência de um outro.”
O
vazio que se instaura na personagem nos parece fruto de sua inadequação em
realizar-se plenamente no amor, ou no amor que um dia sonhou/desejou ter. Esse
amor absoluto que suplantaria todas as “dores do mundo” não parece ter se
efetuado. Em relação a Rodrigo, seu namorado, e a si mesma, resta o melancólico
comentário: “Tenho pena de nós dois, de nosso desencontro antes de uma troca
verdadeira e mais fértil.”
Olívia
não se dispõe ao risco (Rodrigo se arriscaria?) do sublime. A conclusão é que o
temor prevalece na relação, dado o perigo letal que é amar: “Desvendar o
sublime pode ser perigoso, e pode ser a morte do coração.” Talvez a criação
artística, sua raison d´être, seja a
única possibilidade de algo que possa rivalizar com o sentimento oceânico da
paixão.
EXISTE
SAÍDA?
Diante
da condição de seres frágeis que somos, facilmente quebráveis e, pior ainda
para os artistas, seres plenos dessa consciência, cumpre perguntar: que saída
se poderia encontrar? No embate com a persona
de Ana Beatriz, a resposta de Olivia é uma sucessão de negativas que coloca
para si mesma: “O alcoolismo não é uma saída, a loucura não é uma saída, a
noite escura não é uma saída.”
Então,
onde encontrar a porta de saída ou a entrada ideal para uma vida plena (com
seus milagres e horrores)? Olívia tem a
resposta:
“Tenho de me ver com
minha arte, tenho de ser o que sou, abraçar cada instante como este em que
dirijo através de uma paisagem iluminada de borboletas azuis e brancas, o
ensejo de uma brilhante ideia que, se me for dada, devolverei ao mundo como
agradecimento por tudo, por tanta vida, por tanta glória.”
Talvez
a mesma saída apontada por Nietzsche contra o paralisante niilismo seja mesmo a
arte, nos salvando da verdade e constituindo no sujeito o único lugar possível
de expressão da absoluta liberdade: a criação. Tal qual se edificou no romance
que vamos ler. O resultado é que a autora deu a si mesma e a nós “o presente de
viver uma delicadeza”.
Para
o leitor do romance creio que vale a pena reproduzir, antecipadamente, uma bela
reflexão de Olívia sobre o significado da delicadeza:
“Sou firme, e sei ser
delicada. Só os delicados sobrevivem. Só os realmente delicados sabem das
forças, aceitam a natureza com seus mandos e desmandos, entendem a brutalidade
e a contornam, porque só os delicados veem tudo. A vida não é real para os
brutos, pois eles têm a mente e os olhos turvados. Pensam que nascem para vencer, mas na sua couraça se perde a
grande glória de saber sentir-se uma vez na vida um ser que recebe a vida,
conceber a receptividade no sentido mais feminino da ideia, como um ganho
incomparável. Porque a vida de verdade, a grande vida, essa é a brisa que te
acaricia de leve a pele, te sopra um segredo único e íntimo e de pureza de
diamante, diante da matança que é nossa condição. Só os delicados sobrevivem
intactos, porque na delicadeza a essência da vitalidade está envolta por um
material que nunca se desfaz, e por nada. A delicadeza é teimosa, ela não se dá
por vencida. A delicadeza é. E pronto.”
Por
fim, depois da longa batalha com a folha branca, retomando sua criação, Olívia
entende o sentido do circulo infernal onde penetrou e de onde saiu:
“O círculo sou eu, vejo
agora. A razão de eu ter admirado essa forma perfeita aqui na esquina era o
espelhamento. Eu me via o círculo feito para que tudo passe em volta, rodeando,
contornando e adornando a existência. Eu sou essa forma perfeita. E vou fazer
meu trabalho, como é meu dever.”
Fechado
o círculo da criação, o amor pode aparecer, deixando Olívia “tão leve e
vulnerável que a menor brisa pode levar longe.”
E
a metáfora do corpo, lugar de comunicação entre Olívia e o mundo, reaparece: “Uma
obra pronta é como um corpo ao sol querendo ser visto.”
E
aqui estamos nós, leitores, prontos para a delícia dessa visão.
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