Tentou
se instalar dentro da banheira seca para tomar o chá, imaginou no fim da tarde
os pingos companheiros e cantarolou uma música apreciando o eco que ali fazia.
Depois viu que não precisava de música.
Tentou
de tudo, ficou nua e olhou seu corpo, imaginou que era bonita, forçou ao máximo
até chegar em um prazer mísero que a fizesse lembrar da entrega ao mundo
impenetrável sobre o qual ninguém jamais saberia e que nunca precisaria dividir.
O mergulho era, portanto, como a liberdade, era como ter segredos a mais, como
criar, como se inventar. Sem o prazer das águas ela estava enredada no universo
das repetições. Tinha de ficar perambulando, o dia sem quebras de acontecimentos
relevantes dividindo o tempo, dando sentido às horas de sobra ao redor.
trecho de "silenciosa", de O CÉU É MEU
Katia Chausheva
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