Eu tinha dezenove anos e me lembro
claramente. Na ocasião os ensaios começaram a ganhar aos poucos um caráter
diferente, porque grande parte do repertório pedia surdina nos instrumentos, e
muito estudo dos instrumentistas. Havia o desafio de tocar pianíssimo sem perder a qualidade, a clareza do som. Costumo dizer
que todo o aprendizado na música usei em outras esferas da vida, mas essa
questão de aprimorar a capacidade de tocar piano
com um som limpíssimo me fez criar muitos paralelos com outras atividades e é
matéria de longas discussões com meus amigos músicos até hoje. O pianíssimo perfeito veio impor outras
necessidades nos meus dias, como pensar certas coisas da vida acontecendo da
maneira certa, justamente dependendo da capacidade de sutileza, o saber pegar e
trabalhar o miúdo até deixá-lo grandioso em sua excelência.
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